Carnaval… ao considerar ao pé da letra a significância da palavra temos a festa da carne, correlacionada a um universo pagão que remete a diversão, sem barreiras e com total liberdade.

Coletivamente vivenciado, o Carnaval remete a um frenesi que transborda alegria e prazer embalados em ritmos contagiantes que elevam, ainda mais, a vibração dos foliões.

Se em anos anteriores recentes, o resgate de uma celebração mais popular já foi percebido claramente, agora em 2016, isso é fato notório. Os primeiros números retirados dos tradicionais “esquentas”, que antecederam o período e aqueceram os tamborins, levaram uma quantidade impressionante de pessoas atrás de blocos e trios de Carnaval de rua, em algumas das principais cidades brasileiras, fato que já evidencia que o povo retoma a retórica dessa festa, considerada a maior do país, de forma não meramente só comercial ou elitista.

O período de Momo pode e deve ser considerado um ativo da Economia Criativa, de forma colaborativa, sustentável e meio de expressão das manifestações culturais e artísticas. O mesmo impulsiona bem-estar e fomenta ganhos em diversos patamares sociais.

A movimentação econômica é real, mesmo em atual época de crise, com um maior controle e organização financeira por parte dos participantes.

Extravasar e brincar permeiam o comportamento da festividade e esses pontos jamais podem gerar ações de barbáries e desrespeito ao outro.

Extravasar e brincar permeiam o comportamento da festividade e esses pontos jamais podem gerar ações de barbáries e desrespeito ao outro

Toda a empolgação não pode ultrapassar os limites do outro…

A moderação no consumo de bebidas alcoólicas, o uso de banheiros públicos para as necessidades fisiológicas, a curtição sem violência, o sexo seguro, com preservativos, a colocação do lixo nos coletores adequados, o zelo pela integridade física de todos são atos que referenciam a cidadania e a humanidade e jamais podem atravessar o samba, estragando os momentos repletos de felicidade.

Gentileza gera Gentileza e esse enredo jamais poderá ficar ultrapassado, todos nós temos que integrar essa ala, levantando o estandarte da diversão com responsabilidade.

O Carnaval passa, mas suas atitudes sempre serão lembradas e cobradas. Não seja um destaque sem brilho. Seja um bamba do jubilo e não um transgressor, que será excluído do grupo.

Viva intensamente o Carnaval, porque logo após seu encerramento, temos um ano, não tão completo, mas repleto de dias de muito trabalho… não mais emoldurado por alegorias e adereços, mas sim por uma desafiante realidade projetada e que demandará uma evolução perfeita de todos, para que possamos transformá-la em uma apoteose de esperanças para um futuro realmente mais festivo e que vá muito além da quarta-feira de Cinzas.

*Andréa Nakane é carioca, professora universitária e diretora da Mestres da Hospitalidade